Twitter

24 de jun. de 2011

Elogios ao lado de lá

Está no ar uma publicidade do Ministério da Educação sobre merenda escolar. O que chama a atenção é que a peça, em forma de reportagem, traz o "repórter" ao vivo, direto da escola Ruth Cardoso, em São Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao Globo por ocasião do seu aniversário de 80 anos na semana passada, elogiou o trabalho do ministro Fernando Haddad frente à pasta da educação.

Recentemente também, a presidente Dilma Roussef não se furtou em elogiar FHC, pelas medidas econômicas de seu governo. Contra todas as normas do seu partido, o PT, é certo. FHC gentilmente agradeceu e retribuiu os elogios.

Por certo, o elogio de FHC a Haddad é bastante questionável. Mas a verdade é que alguns setores do governo parecem andar batendo asas pro lado Tucano, como forma de se preservar do bombardeio que o PT promove internamente no atual governo.

A política se movimenta de maneira incrível nesse país.

O fã de Ronaldinho

A notícia nem é para alarmar, nem para assustar. É a de sempre. Nenê pede dispensa da Seleção. Motivos contratuais e profissionais.

Bom, questão contratual é sempre complicada, porque nunca se sabe, ao certo, que pressão exerce a NBA sobre seus jogadores quando o assunto é jogar pela seleção. Não acontece só com o Brasil. O contrato de Nenê com o Denver vai até a próxima temporada. Ou o jogador quer pressionar para renovar logo, já que anda em horas baixas na sua franquia, ou não se entende o porquê de pedir dispensa do Pré-Olímpico da Argentina.

Razões pessoais? A não ser que a razão de o jogador pedir dispensa tenha tido uma recaída do seu problema no testículo, que aí sim é sério e pode ser compreendido (embora o desejo de todos é que isso não aconteça), a decisão de Nenê de não acudir a mais uma chamada da Seleção é vergonhosa.

Melhor teria sido ligar antes para Ruben Magnano e ter dito: "Não me inclua na lista. Não quero ir. Não gosto de jogar pelo Brasil, não me sinto bem". Ponto final. Mas negar-se a representar o país uma e outra vez começa a pegar mal.

Ou talvez, por ser um fã de Ronaldinho Gaúcho, Nenê tenha chegado a um ponto na carreira que tenha decidido imitar seu ídolo, atualmente no Flamengo: jogar apenas para passar o tempo, sem compromisso com vitórias, contratos, regras.

E, verdade seja, dita. Não foi Nenê quem abandonou a seleção de basquete uma vez mais. Foi o basquete que há algum tempo abandonou Nenê dentro de quadra.

23 de jun. de 2011

O conto do empresário

O empresário amigo diz ao jogador: "Olha, você vai assinar contrato de cinco anos com um time do Farofistão. Larga esse negócio de Brasil. Lá você vai ganhar uma salário dez vezes maior que aqui nesse time de ponta. Mas o país é ótimo, as pessoas adoram futebol e você vai ser rei. Mansão, carros na garagem, pode levar os amigos do Brasil de vez em quando, eles garantem que tem feijão e farinha pra comprar no mercado. A pressão é outra e não liga pra essas histórias de que faz frio e de quem tem terremoto. Tem lugar no Brasil que faz mais frio e a terra também treme. Agora, vou procurar um amigo meu na imprensa, soltar a notícia e você, por sua parte, pode começar a demonstrar insatisfação com o técnico, com o clube. Vamos forçar a barra para romper o contrato".

Essa é a versão nova do que antes chamávamos o "Conto do Vigário", que agora virou o "Conto do Empresário". O vigário de antes vira o empresário de hoje. Aquele em quem o jogador confia plenamente sua vida, seus contratos, seu dinheiro, seu futuro e no fim acaba quebrando a cara.

O Farofistão, claro, é um país fictício, tirado das histórias do Tio Patinhas da minha infância. Mas o contexto é quase sempre verdade.

O sujeito venda ilusão ao jovem, humilde e promissor jogador de futebol (às vezes também ao renomado, campeão do mundo e rico). Hoje o Farofistão pode ser a Ucrânia, o Uzbequistão, a China, a Grécia, o México e muitas vezes é também, dependendo do time, países como Portugal, Espanha, França e Itália.

A história continua seis meses depois do contrato assinado, com o jogador infeliz, à beira de uma depressão, e que arranja um empréstimo para voltar logo ao Brasil. De volta, o discurso muda: não quero sair daqui nunca mais, não quero voltar pra lá, aqui é que sou feliz.

Ora, se é assim sempre, então porque é que assinou contrato? Porque é que aceitou e caiu na conversa do empresário? Era muito dinheiro, né? E vamos espalhando pelo mundo talentosos jogadores que futebol que não cumprem o que assinam, mas que ficam as contas bancárias gordas e a de seus empresários também. E jogam qualquer ética e profissionalismo para baixo do tapete.

Bom, se for um tapete árabe, eles nem ligam.

P.S. Esse post é em homenagem ao Roberto Carlos, que já perto de aposentar e não tenho mais onde guardar tanto dinheiro, foi se aventurar em um time de quinta categoria na Rússia. E aí se sujeita a receber bananas em campo com sinal de puro racismo e ódio de um país que vai receber a Copa do Mundo de 2018. Roberto Carlos não merecia passar por isso, mas poderia ter evitado. Uma dose a menos de ganância faria bem nessa hora.

21 de jun. de 2011

Rasgando o acordo

Há dez dias o MP do Rio propôs um acordo às torcidas organizadas cariocas. Tudo para evitar brigas no trajeto para o Engenhão, ou Maracanã ou São Januário. O procurador, senhor Claudio Lopes, recebeu os "torcedores" na sede do MP carioca, evento que contou com a presença do Ministro Orlando Silva (que também não perde uma, hem), e parecia tudo muito legal, muito bonito. A paz vai reinar.

Falácia!

Menos de uma semana depois, 33 "torcedores" de Flamengo e Botafogo foram presos na Taquara após uma briga de rua, no caminho para o Engenhão. E aí? Aconteceu o quê com eles? Absolutamente nada.

E o acordo das torcidas com o MP? Os torcedores nem lembram mais de acordo nenhum. Estão se lixando para MP, Ministro ou qualquer coisa que se chame Lei. Se sentem superiores a isso.

E repito agora pergunta já postada aqui em outra oportunidade.

Esses que, hoje, foram ao Ninho do Urubu cobrar empenho dos jogadores do Flamengo no meio da tarde de uma terça-feira, vivem de quê? Trabalham onde? São torcedores profissionais? Quem regulamentou essa profissão? Ganham quanto para não fazer nada, ou melhor, para viajarem pelo Brasil acompanhando o time? Trabalham no caderno de turismo de algum jornal?

Que tal uma blitz na saída do Ninho para averiguação dos indivíduos?

17 de jun. de 2011

Algumas mentiras

Tom Jobim já dizia que não pode ser sério um país onde se toma um chopinho, onde se houve um sambinha. Tudo no diminutivo.

Temos a mania de achar que somos piores e, por isso, temos que aceitar tudo o que nos impõe.

Se a Fifa vem aqui, diz que vai ter Copa e, além de pedir isenção de impostos, quer livre circulação de moeda estrangeira, temos que aceitar. Se não, ficamos sem Copa do Mundo e podemos ser suspensos. Ora, conversa fiada. Levem a Copa pro Estados Unidos, então, que eu quero ver.

Copa do Mundo virou evento prioritário para ser realizado em paraíso fiscal ou de lugar onde a democracia engatinha. Catar e Rússia, por exemplo. Que tal uma Copa nas Ilhas Caymann?

Não somos assim.

Temos um bando de políticos que não valem nada. Mas não é reflexo do povo. Mentira. Pagamos nossas contas em dia, somos honestos, temos ética, somos solidários.

Esconder as contas do povo, como querem fazer, é passar atestado de burro ao povo.

Felizmente nosso sistema ainda é democrático e deve ser assim sempre. Justo ou não só nos resta aprender a votar. Uma nação se constrói com tempo, com paciência e com consciência. E isso não se forma em 25 anos. Precisamos de muito mais tempo.

Infelizmente.

14 de jun. de 2011

Uma agulhada na Mega Sena

A internet é igual moda. O que hoje está fora de catálogo, de repente, volta a ser o máximo. E volta como a grande novidade e verdade absoluta.

Esta semana voltou à tona o velho e-mail da fraude da Mega Sena. Tá por aí, rodando no Facebook. A história é muito boa. Os sorteios da loteria são um engodo, que a Polícia Federal está investigando, prendendo gente envolvida com quadrilhas que fraudam os sorteios e que só não sai no noticiário porque, claro, as emissoras de TV têm um pacto com o governo e não podem divulgar, blá, blá. blá.

Lenda urbana.

Igual à história do sujeito que vai ao cinema, se senta, e, aaaiii, cai direto em cima de uma agulha; fica desacordado e amanhece deitado numa banheira, cheia de gelo e sem um dos rins, operado por uma quadrilha de tráfico internacional de órgãos. E essa, hem? Boa né? Ah, um amigo de um amigo de um amigo seu, jura que um tio distante conhece alguém que passou por isso, lá onde ele mora não é mesmo? E onde ele mora mesmo?

Lenda urbana.

A verdade é que a Academia Brasileira de Letras deveria dar um prêmio a quem tem tempo para bolar lendas tão bem montadas, com tramas tão espetaculares e bem boladas. Novela das oito fica no chinelo.

E teriam que dar uma multa a quem multiplica esse monte de bobagens pela internet.

13 de jun. de 2011

Dallas, a vitória do esporte de competição

A vitória do Dallas Mavericks foi um prêmio e tanto para Dirk Nowitzki e para Jason Kidd. Os dois estão na reta final de suas carreiras e mereciam, mais que ninguém, um anel da NBA. Os deuses do esporte quase sempre são caprichosos e costumam deixar grandes ídolos sem grandes prêmios. Mas na final da NBA deste domingo, fez-se justiça com esses dois craques do basquete.

Justiça também com Cleveland. Lebron James saiu do time pelas portas do fundo, com a soberba de montar um time invencível ao lado de Dwayne Wade e Chris Bosh, em Miami. Mas o basquete é a essência do esporte coletivo. Um só não resolve. Pior: três craques só não resolvem. E não resolveram.

Na verdade deveriam ter caído antes da final. O certo seria terem caído contra Chicago ou Boston. Chicago nem tanto, mas Boston era mais equipe. Mas veio a final da NBA e aí, não teve jeito.

Lebron James provou que nunca será Michael Jordan. Nem que Scottie Pippen pense o contrário.

James foi criticado no início do ano por Jordan, Larry Bird e Magic Johnson, que sempre consideram mais saudável para o esporte serem rivais, ao invés de se juntarem em busca do time perfeito. A competição para eles era mais importante que, simplesmente, apenas vencer.

James não pensou assim. Pensou em vencer. Vencer a qualquer custo. E foi derrotado.

Vitória do Dallas por 4 a 2 e vitória também dos Cavaliers, que terão no draft do fim do mês, uma chance dupla de reforçar o time e voltar a ser um dos grandes da NBA. E sem o amarelão do Lebron James, com chances reais de ganhar alguma coisa.

9 de jun. de 2011

Embaixo do tapete

O título do Vasco, campeão da Copa do Brasil com todos os méritos, não tira do futebol carioca a necessidade de se organizar melhor. Não se pode e nem é hora de esconder a sujeira embaixo do tapete.

Ao contrário do que dizem as frases de efeito, escritas após uma conquista como a do Vasco de ontem, é preciso, sim, que os clubes tenham centros de treinamentos decentes e bem montados; é preciso, sim, que os clubes tenham as finanças em dia; é preciso, sim, que os jogadores sejam pagos em dia; e mais do que nunca é preciso respeitar o torcedor.

Respeitar o torcedor do seu clube e do clube adversário. Facilitando a venda de ingressos, impedindo a ação de cambistas e organizando a entrada nos estádios e dando o conforto merecido a quem paga, e paga caro, sua entrada, para um espetáculo nem sempre de qualidade.

Um título é muito bom. Alivia a alma do torcedor, tira o peso das costas de jogadores, técnicos e dirigentes. Mas não pode maquiar uma realidade, dura e crua, que é a falta de estrutura e organização dos clubes do Rio de Janeiro.

Ouça: http://pt.blaving.com/MVPinto/p/179659/Depois-do-t%C3%ADtulo-do-Vasco

6 de jun. de 2011

A hora da despedida

Essa é a semana das despedidas do futebol. No domingo foi embora Petkovic, que foi, claro, muito mais que aquele gol de falta do tricampeonato estadual ao Flamengo em 2001. Foi ídolo no Flamengo. Mas nunca mais ídolo que Romário. Muito menos que Zico. Esse incontestável, o outro, nem tanto.

Mas Pet disse adeus. E disse adeus em tão boa forma que deixou dúvidas se não poderia ter sido aproveitado um pouquinho mais. Espremido um pouquinho mais, Que nem Juninho Pernambucano espremido no Vasco. Mas por opção dele, que fique bem claro.
Pet já não estava muito na mídia e só apareceu para dizer adeus. 

Quem também vai embora nesta terça-feira é Ronaldo Fenômeno. Pra minha geração, que viu Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Reinaldo, no auge, Ronaldo foi craque, mas nem sempre com letras maiúsculas. Mas Ronaldo soube, mais do que ninguém, ser líder de mídia e com carisma; embora suas aparições publicitárias sejam sofríveis e de segunda categoria. Mas vendeu tudo o que quis e seguirá vendendo até quando quiser.

Pet apareceu para se despedir. Ronaldo se despede mas nunca vai sair do ar. Ricardo Teixeira, ultimamente, também está sempre na mídia. Mas as notícias sobre ele quase sempre têm sido ruins, péssimas. Pena que, ao contrário de Pet e Ronaldo, a intenção dele seja outra: desaparecer da mídia e nunca se despedir do futebol.

Ouça: http://www.blaving.com/MVPinto/p/177049



Ouça o comentário de Botafogo x Ceará dia 04/06/2011

 

3 de jun. de 2011

Reflexões

Minha mulher me alertou ainda no café da manhã: leia. Era o artigo do Bill Keller, do NY Times de hoje no Globo. Entre minhas atribuições de síndico e de chefe de reportagem da CBN consegui fazê-lo agora, às 17h45. Isso que tomamos café bem cedo hoje.

Li  e estou refletindo. É bom ler um texto de qualidade e bem traduzido, não? Lembro dos tempos em que eu lia mais. Mais que no ano passado, por exemplo, onde fiquei abaixo da média nas minhas leituras. Isso me faz sentir péssimo.

Keller questiona as redes sociais, sem desmerecê-las. E lembrei imediatamente da frase do comercial do Black Berry, que vende seu sistema de mensagens: "é como se a outra pessoa estivesse do lado". Grande mentira.

Estamos todos cada vez mais metidos em redes sociais e cada vez mais antisociais. Vou seguir refletindo, mas vou tentar discutir pessoalmente essas dúvidas. Se discutir pelo twitter, pelo facebook, ou mesmo pelo blog, fico limitado.