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20 de dez. de 2013

Estado laico, graças a Deus

No Brasil a Constituição diz que o Estado é laico. Mas parece que para a cidade de Campos, a cidade tem que adotar a religião da prefeita Rosinha Garotinho. Veja essa publicação oficial no Facebook dando os parabéns a um, vamos dizer assim, "eleitor."

19 de dez. de 2013

O melhor das compras de Natal

O melhor lugar para compras de Natal não é um shopping center de luxo e muito menos um popular. O melhor lugar para gastar o dinheiro do seu décimo terceiro salário é num posto de gasolina. Isso na visão do frentista, claro. Você chega para abastecer e não basta. O cara te oferece uma ducha. Você recusa. E ele gentilmente te pede para abrir o capô para ele "verificar a água e o óleo." E aí começa.

Não bastasse a gasolina estar pela hora da morte e você precisar encher o tanque com gasolina (Premium? Não, obrigado), ele ainda te desfia um rosário de problemas para quem vai pegar a estrada.

- O óleo tá baixo. Tem que trocar.
- Mas eu troquei no mês passado.
- Mas tá baixo. Pega pelo menos um litro.

Pega um litro e meio e você ainda é obrigado a ficar com meia garrafinha de óleo na mala do carro.

- Shii, precisa trocar o filtro também. De óleo e de ar. E essa água do radiador, sei não.
- Precisa não, ele vai entrar na revisão assim que voltar.
- O senhor é que sabe - diz, com cara de "vai dar merda, depois não reclama"

E ainda vem fluído de freio, aditivo para o motor, sabão para a água do mija (pra limprar o vidro, saca?) e você sai do posto de gasolina com o limite do cartão de crédito mais do que estourado. E ainda tem a caixinha do querido amigo do posto, tão prestativo e atencioso.

Mas o melhor mesmo é que você, depois de gastar essa grana toda, não sai de mãos abanando. Ganha de presente um lindo "não-sei-pra-que-serve" para usar no carro o resto do ano. Feliz Natal.



5 de ago. de 2013

A real Estrada Real

Acabo de chegar de dois dias de viagem por parte de Minas Gerais e já fiquei louco para voltar. Em pouco tempo vi Tiradentes, Congonhas e Ouro Preto, além de passar por São João Del Rei, Itabirito e Ouro Branco. Tudo muito rapidamente, mas o suficiente para despertar o desejo de ter muito mais tempo para explorar um território tão rico em histórias e em belezas naturais e não naturais.

Mas uma viagem como essa precisa ser bem preparada. Para começar mapas físicos das estradas e das principais cidades. Ainda não inventaram Google Maps que substitua o dobrar o mapa, marcar sua rota a caneta amarela, calcular distâncias rapidamente de cabeça. Depois um tablet com conexão à internet para, assim que chegar em cada lugar, poder ler histórias, conhecer personagens. Ou, quem sabe, contratar um guia turístico local para ter mais assunto.

Fico pensando no turista que virá para a Copa do Mundo e que vai se estabelecer em Belo Horizonte e tiver, entre um jogo e outro, tempo de ir passear por essas cidades históricas. Que maravilha, não?

Não. Maravilha nada. Vai ser um transtorno.

As estradas são horrorosas. Isso sim, placas do Governo de Minas dizendo que estão sendo feitas obras estão por toda parte. Mas não se vê nada sendo feito. Quase nenhuma obra importante. Buracos, buracos e mais buracos. As sinalizações são péssimas e precárias. Raramente você encontra uma que tê a distância que falta a seu destino (só no trecho da BR-040 que está privatizado entre Rio e Juiz de Fora). Nas estradas mineiras, reze para encontrar uma placa que te diga algo além de "Por favor, não atire nas placas", ou "Governo de Minas, aqui tem Samu". Provavelmente deve ser para você tomar um tiro e buscar ajuda médica.

Conseguir sair das cidades sem pedir informação é impossível.

Isso sem falar nas que existem e estão dobradas, quase que invisíveis (a da estrada para Tiradentes na altura de Barbacena está quase tombada). Há trecho de 1 Km em que há seis, repito, seis quebra-molas em sequencia. Ai invés de educar o motorista, as estradas punem e fazem você andar mais tempo em primeira e segunda, gastando mais combustível, poluindo mais. O governo deve pensar que colocando quebra-molas ao longo de cerca de 200Km entre BH e Juiz de Fora você fique feliz por passar mais tempo dentro do estado. Se for de noite então, você vai gastar o dobro do tempo normal.

Vou voltar, mas com tempo para apreciar mais as cidades, com mais músicas no Mp3 para aguentar tanto tempo de estrada e de mapa na mão, para não perder nenhuma entrada.



15 de jul. de 2013

Os piões atacam e Cabral espera para o golpe

Os manifestantes estão pedindo a saída de Cabral do governo? Pois estão pedindo tudo o que ele mais deseja nesse momento. Engana-se o "protestante" que acha que isso vai em contra do que deseja o governador. Fernando Molica já contou essa história em sua coluna de O Dia e já ouvi a mesma versão de uma ótima fonte de dentro do Governo. Cabral quer renunciar.

E para quê? Primeiro para sumir do mapa por uns tempos. Ele sabe que a situação dele está cada vez mais difícil. E do jeito que as coisas vão, Luiz Fernando Pezão não se elege nem síndico de condomínio. Uma saída de Cabral colocaria Pezão no governo e no ponto de bala para disputar a "reeleição" com toda a máquina trabalhando a seu favor.

E essa máquina precisa mesmo trabalhar antes que chegue alguém e comece e levantar contratos, concessões e licitações dos sete anos de governo Cabral, o que, no momento de ebulição por que passe o país, poderia ser fatal para o futuro imediato do atual governador. Com Pezão cinco anos no governo dá tempo de sobra de maquiar o que de mau já foi feito e deixar Cabral contando com a memória fraca do povo para 2018 ou 2020.

Nesse jogo de xadrez complicado que é o mapa atual de lideranças do Rio de Janeiro, curiosamente os ataques vieram dos piões e não do bispo ou da torre ou do cavalo, como era de se esperar. Cabral vai deixar que se coma sua rainha para tentar um xeque mate, como o Rei, dentro de cinco anos. O problema é que tabuleiro não está mais fixo à mesa como até outro dia. E os mesmos piões que atacam, querem virar o tabuleiro de cabeça pra baixo.

4 de jul. de 2013

Descobrimento do Brasil e Império Serrano

Depois de acompanhar o protesto de menos de 100 pessoas, ontem, em frente à TV Globo, e ouvindo manifestantes chego a algumas conclusões.

1 - Desde o Descobrimento do Brasil até hoje, tudo é culpa da TV Globo. (Dito por um manifestante)

2 - As frases que eles usam são mais para dar um plus no ego deles do que para assustar alguém. Vejam por exemplo. "Amanhã vai ser maior!". Claro, com 100 pessoas se amanhã não for maior, é melhor fechar a tendinha. "O Rede Globo, pode esperar, sua audiência vai baixar". Tentam, tentam, mas não baixa. O povo não é bobo. Só vê a Rede Globo. Qualidade, meu filho, é um problema que as outras emissoras tê, Gostemos ou não da Globo. "Não vai ter Copa!". Essa é pra dar gargalhada e não comentar.

3 - Os próprios manifestantes não se entendem. Vão para a rua sem saber o que vão pedir. Uns pedem que deixem os profissionais da Globo trabalharem em paz, sem ameaça. Outros pedem que vandalizem os vivos e profissionais da emissora. Outros pedem que vandalizem os vivos mas que deixem os profissionais trabalharem. ????

4 - Até a quebra do monópolio do petróleo é culpa da Globo. (dito por um membro do Sindipetro que estava na manifestação)

5 - Quem trabalha na Globo é conivente. (dito por outro manifestante)

6 - Ui muy iran. (Não entendi chongas, mas foi dito por um ex-índio da Aldeia Maracanã, que também estava no protesto). E para acabar, a melhor:

7 - Já caiu o Império Romano, já caiu o Império Otomano, e já caiu até o Império Serrano. Só falta cair o Império Global.

Com essa eu fecho a manifestação pra balanço. Acho que essa gente precisa se manifestar sim, mas com propostas coerentes. Se querem acabar com o "poder da mídia" do monopólio (ou do oligopólio, eles ainda não decidiram), façam coisas interessantes, disseminem e contaminem os outros com suas ideias. Mas com coisas concretas e não com ilações. Até a próxima.


28 de jun. de 2013

Passeata contra as senhas

No meio de tantos protestos, não vi ninguém protestar contra as senhas. Sim, as senhas. Há mal maior na nossa atualidade? Primeiro eras de quatro números. Passaram a seis. E não anote em lugar algum. É sua segurança. Não use datas de aniversário, casamento, filhos. Use uma senha original. A coisa foi ficando pior.

O que antes era só a senha do banco virou a senha do banco, das três contas de e-mail, do celular, da conta da Apple, do cadastro do jornal para ler na internet, a senha do programa de milhagem, do programa de fidelidade do cartão de crédito. Todas originais, única e guardadas na cabeça.

Foi preciso depois inserir uma letra maiúscula no meio da senha. E agora inventaram de se colocar também um símbolo entre uma letra maiscula, números e letras minusculas. Enfim, comprei um celular novo, e o que fiz? Coloquei uma senha nova. No meio da digitação ele me lembra: é preciso uma letra no meio dos números. Pois bem. O celular não aceita mais a senha. Bloqueou e estou sem telefone.

Vou ter que ir em uma assistência técnica autorizada, enfrentar uma fila mostra, para ver se tem solução. Vou fazer uma passeata sozinho, no meio da Rio Branco, querendo uma CPI para as senhas. Que coisa mais infernal.


3 de jun. de 2013

Não quero carona

O que eu espero da Copa das Confederações?

Primeiro: que os coleguinhas credenciados não consigam credenciar mulheres e irmãos como ajudantes ou aspones e que eles, assim, não ocupem espaços nas salas de imprensa, tribuna e entrevistas coletivas. E desejo também que os convidados da Fifa, CBF e patrocinadores não possam entrar nas zonas de entrevistas. Se não podemos entrar nos locais reservados a eles, que os seguranças parem de fazer vista grossa e não os deixem passar para a zona de imprensa também.

Porque isso foi o que não se viu no Brasil x Inglaterra e durante os treinos. Foi um festival de mulheres, filhos e amigos como caronas.


24 de mai. de 2013

Delícia

Tem dias que você tem que ouvir jogares de futebol dizendo mais do mesmo, políticos dizendo mais do mesmo depois de incêndios que poderiam ter matado centenas de inocentes, e tem dias disso.

21 de mai. de 2013

O futuro de Vitinho

Vitinho com o prêmio de revelação do Carioca 2013. Foto: Daniel Ramalho/Terra

Em geral a história de jogadores de futebol é quase sempre ligada a uma infância difícil em uma comunidade
carente. Vimos isso com Romário, com Ronaldo e mais recentemente com Adriano. Longe de fazer qualquer tipo de comparação, este tipo de histórias costumam ter um início difícil, um meio feliz (e rico, polpudo) e um final que pode ir do feliz à tragédia absoluta. No caso de Vitinho, promessa do Botafogo e recentemente eleito como a revelação do campeonato carioca, a história começa como quase todas: nascido e criado na favela Nova Brasília, no loteamento Guadalajara, no Complexo do Alemão no Rio, Vitinho foi descoberto ainda no Sendas, que depois virou Audax RJ. Daí para o Botafogo onde, aos poucos, foi tendo suas oportunidades com Osvaldo de Oliveira, até chegar às categorias de base da seleção. Aí é que o filme faz uma pausa.

Neste momento da história aparecem os amigos. E muitos. Chegando de todos os lados. De uma hora para outra Vitinho ganhou amigos de infância que nunca tinha visto na vida. Festas, baladas, convites para coisas um pouco mais pesadas (e recusadas). E o pai do jogador, conhecido como Pará, trabalhador da construção civil e craque das peladas do fim de semana na região, abre o olho, controlando tudo o que pode. Mas chega um momento que nem o pai mais zeloso do mundo sabe onde o filho anda. Resultado: já há um Vitinho Junior a caminho do mundo. E não há nada de mal nisso, diga-se de passagem. Mas o pai luta para afastá-lo das más companhias. E das boas também, por se acaso.

O olho é gordo para cima do salário do jogador. Afinal, para festas, churrascos e a cerveja depois da pelada é sempre quem ganha mais quem paga a conta. No caso, Vitinho. O que circula na comunidade é que o jogador estaria ganhando cerca de R$ 60 mil mensais no clube. Pará, o pai, já obteve duas ótimas vitórias: Vitinho já comprou uma casa boa para os pais na comunidade e já conseguiu fazer com que as visitas do filho ao Complexo do Alemão (pertinho de onde saiu Adriano, que é da Vila Cruzeiro) sejam cada vez mais raras e controladas. Vitinho mora com um companheiro de clube no Recreio e em breve vai morar sozinho também no Recreio. Agora a tarefa é controlar os amigos novos do Recreio. Mas pelo menos nisso Pará tem como aliado o Botafogo. O clube está escolado depois de ter lutado, quase que em vão, para tentar salvar a carreira de Jobson.

Vamos torcer para, desta vez, o futuro desse bom jogador tenha um final feliz.

14 de mai. de 2013

O estranho pedido de Marín

Marín durante a convocação. Crédito: Daniel Ramalho/ Terra


José Maria Marín, presidente da CBF e do COL da Copa 2014, e que adora uma latinha, fez um discurso estranho antes da convocação da seleção esta manhã no Rio. Pediu, repetiu e voltou a reiterar o pedido para que ninguém, nas próximas semanas, fale de eleições. Fale apenas de Seleção Brasileira. Isso para que não se desvie o foco do futebol.

Eu tenho a mania de tentar pensar além do que o entrevistado ou falante, disse.

Quando Marin fala em eleições, é claro que ele fala em eleição, no singular, da CBF. Marcada para abril de 2014 vai roubar a cena da Copa do Mundo e da Seleção assim que o assunto sorteio da Copa esfriar. E isso vai ser logo no início do ano. Marco Polo, Andrés Sanches e outros que ainda podem surgir vão querer aparecer mais que os jogadores de Felipão.

Mas será que o recado dado por Marín (que vem falando bobagens desde da ditadura militar) não teria sido também para os políticos brasileiros? Vejamos: 2014 é ano de eleições. Da presidente Dilma ao mais diletante candidato a deputado estadual, todos vão estar imbuídos de transformar estádios, treinos e jogos em seus palanques eleitorais.

Marín atirou no que viu e pode muito bem ter acertado no que não viu.

Além de todos os atrasos vergonhosos que estamos tendo nas obras da Copa (e mostrando ao mundo como somos uma nação mesquinha e que deixa tudo para a última hora, quase sempre para poder burlar as leis e levar um por fora), ainda vamos mostrar nosso lado mais descarado, da política mais vergonhosa que reina na nação tupiniquim.


30 de abr. de 2013

A história não se apaga

Deixei passar alguns dias para dar meu pitaco sobre o novo Maracanã. Li e ouvi muita gente conta e muita gente a favor do novo formato do velho estádio. Não, o Maracanã não acabou. A verdade é que melhorou. Futebol é um espetáculo cada vez mais caro e que quem paga merece conforto.

Essa conversa fiada de que "nunca mais vamos ter o velho Maracanã de volta", blá blá blá, não cola. Se fosse assim acharíamos normal um estádio com 250 mil pessoas apertadas para uma final de Copa do Mundo. E sabemos que não pode ser assim.

Fui ao Maracanã a primeira vez 85, com meu pai. Fomos num jogo mais fraco para evitar problemas de violência, que na época já era latente. Era uma Bangu x Botafogo e ficamos nas cadeiras azuis. Achei desconfortável. Mas vi pela primeira vez aquele gigante, fiquei impressionado e por alguns dias guardei o ingresso do jogo.

Fui ainda várias outras vezes ao estádio e fiquei na arquibancada, dura, sempre apertado, sempre com medo de pancadaria ou de um saco de mijo que pudesse vir de cima. Depois, já formado, voltei como jornalista. Condições de trabalho horríveis, sem lugar para apoiar o computador, cadeiras de ferro desconfortáveis, banheiros e bares em condições precárias. Ou seja, um horror.

Claro que acho que absurdo o Governo do Rio gastar mais de um bilhão num estádio que se fosse demolido, como eu penso que deveria, e fosse feito um novo teria custado três vezes menos. Mas aí não vale, porque roubar é preciso e navegar não é preciso.

Mas o novo estádio é mais confortável e não tira em nada a emoção de torcer. Não vem com essa de que não dá mais para correr pela arquibancada, que isso ou aquilo. Tremendo saudosismo, que não acaba com a história. História é história e ponto final.

22 de abr. de 2013

Leia com atenção

Ler está cada vez mais difícil. Melhor dizendo: se concentrar em uma leitura está cada vez mais difícil. Daí a entender o que se está lendo é um passo ainda maior e mais perigoso. Digo isso porque, nos últimos dias, recuperei um velho hábito que andava esquecido em mim: ler.

E voltei a ler da forma mais moderna: através do tablet. Baixei o aplicativo do Kindle no Ipad, comprei um par de livros na Amazon e comecei a devorá-los como antes.

Sei que o mundo anda rápido, te exige cada vez mais uma leitura mais rápida, tirando conclusões cada vez com menos tempo de refletir e exigindo de você uma reação na maior velocidade e com a menor margem de erro possível. Sinal dos tempos.

Mas ainda é possível ler com calma. Sossegado. Sem interrupções. Acho até que voltei a ler melhor desta vez. Melhor no livro do que no twitter por exemplo.

E cito o twitter, porque seus 140 caracteres me lembram que na semana passada publicamos um anúncio numa página do Facebook, buscando profissionais para trabalhos esporádicos em lugares específicos: freelancers para as regiões Sul, Norte, Serrana e dos Lagos do Rio de Janeiro. Texto curto, bem escrito (não fui eu quem escreveu), bem explicado. Pois não bastou.

Recebi uma enxurrada de emails de gente da capital, ou de Niterói ou da Baixada Fluminense dizendo que se encaixava no perfil e coisa e tal. Até de Minas Gerais e São Paulo recebi emails. Respondi um a um, explicando que eles não se encaixavam porque o anúncio era claro: queríamos gente que trabalhasse e morasse na região identificada no texto.

Alguns me responderam pedindo desculpas pela falta de atenção na leitura; outros insistiram dizendo que sim se encaixavam de qualquer forma; outros pediam que eu os indicasse alguém para mandar currículo. Outros copiavam textos formais da internet que me fizeram rir. Outros foram incapazes de ler no texto que meu nome é Marcus e não Márcio. E depois da terceira tentativa de fazê-los entender que estavam me chamando com o nome errado, a resposta veio com um simples :).

Como pensar em contratar quem é incapaz de entender a mensagem de um texto simples? Como confiar que alguém seja capaz de produzir uma matéria de qualidade, por mais simples que seja o assunto, se elas não conseguem ler um texto e saber se estão ou não dentro do que é pedido? Difícil tarefa, não?

É certo que chegaram na minha caixa vários emails corretos, de gente (e boa) das regiões procuradas. Mas, infelizmente, foram minoria.


17 de abr. de 2013

Se eu fosse polícia

Tem dias na profissão que você precisa ir a lugares que você não são lá muito agradáveis. Às vezes IML, porta de hospital, velório, um acidente grave, delegacia, por exemplo. Hoje foi dia de delegacia. E lá, ouvi um caso paralelo ao que estava acompanhando.

Uma mulher estava denunciando o companheiro por agressão. Ela parecia tranquila. Conversava com um policial e o agressor já estava devidamente preso. A agredida estava acompanhada de alguns amigos. Três para ser mais exato. Todos homens. Quando o policial saiu da conversa um deles começou a falar.

"Moro com minha mulher há dez anos. Uma vez, bati nela e deformei a cara dele" dizia, sem mexer músculo e sem me parecer nem um pouco arrependido da covardia; e seguiu: Mas nos acertamos, e faz seis anos que não toco no fio de cabelo dela", disse, como se fosse um verdadeiro herói.

Um outro se meteu. "Esse negócio de bater em mulher não tá com nada. Estou com a minha há dezesseis anos e nunca precisei fazer isso" disse o machão, como se referi-se a um objeto na estante. E virou-se para a mulher agredida: "Você é que sabe se quer continuar com a denúncia ou deixar tudo na boa. Se você continuar, ele vai pra Polinter. Se retirar, vamos juntar nele e dizer que foi a última vez. Pensa bem", disse, sem ameaçar, mas ameaçando.

Imagino que essas pessoas estejam acostumadas a lidar com esse tipo de violência, que é mais comum do que podemos pensar. Mas eu, se fosse polícia, tinha metido o primeiro falante na cadeia na hora e começado a investigar o segundo. Dois imbecis e que deveria estar tão na cadeia quanto o que já estava.

12 de abr. de 2013

É meu, mas não é

Eu ando de ônibus. Sou dos que preferem atravessar a rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, todas as manhãs rumo ao trabalho, no Centro, com alguém dirigindo para mim. Vou lendo, ouvindo rádio. Mesmo que isso signifique arriscar a minha vida e a de outros passageiros com motoristas que, quase sempre, dirigem acima dos 60 km/h permitidos e nunca fiscalizados na Praia do Flamengo. E para andar de ônibus nada melhor do que ter um cartão Riocard, o bilhete único carioca.

O que não pode é perdr o bilhete, porque se você perde...

Bem, perdi o meu no carnaval. Quarta-feira de Cinzas para ser mais exato. Num bloco na Gávea, trabalhando. Na quinta-feira já providenciei o cancelamento pelo site. Melhor seria dizer "nos sites". Porque são dois. Não sei o motivo, mas cada hora que preciso de uma coisa, entro no site, mas acaba sendo no outro.

Imprimi o papel da perda.

Depois disso, fiz um pedido de um novo cartão, no site. Site confuso, pedem dados demais, os caminhos são tortuosos, os termos parecem científicos . Liguei para a ajuda telefônica, demoraram a me atender, e tive que fazer passo a passo com a telefonista. Consegui. Imprimi o boleto. Paguei pela internet e tive que imprimir também o comprovante de pagamento.

Dentro de sete dias o cartão estaria disponível na agência Itaú que eu escolhesse pelo site. Lista de agências todas desordenadas, um caos. Se você der sorte de achar a sua entre as dez primeiras da lista, ótimo. Se não...

Acontece que sete dias depois, na data marcada, eu estaria de viagem, férias, longe. Deixei para depois. Não precisava do cartão mesmo. Volto das férias e vou buscar o cartão, pensei. Mas aí encontro fila de início do mês no banco. Nem pensar. Volto amanhã.

Voltei. Três folhas de papel impressas e...falta mais um papel, informa a caixa, quase que rosnando. Um papel de recibo, que só fica pronto depois que o cartão fica pronto. Tem que ir no site (qual dos dois, meu Deus?), seguir o caminho e imprimir.

- Mas já paguei, o cartão está no meu nome, é meu, o crédito que está nele é meu, aqui está minha identidade, argumento.

Nada feito. Sem o maldito recibo, nada. Volto para casa. Aí acabou a paciência e acabou também a tinta da impressora acabou. Agora, só no dia seguinte.

Dia seguinte, Imprimo o quarto papel e peço, por favor, à minha mulher para ir buscar o cartão para mim no banco. Se volto e a caixa do banco me pede um papel a mais, acho que perco a paciência de vez. Minha mulher foi e em cinco minutos voltava para casa com eu cartão. Acabou? Não.

Ainda é preciso desbloquear o cartão: dois dias. Depois transferir o saldo do cartão perdido para o cartão novo: mais dois dias.


- Mas já paguei, o cartão está no meu nome, é meu, o crédito que está nele é meu. Não adianta o argumento. A burocracia neste país sempre vence. Sempre. Perdi meu cartão no dia 13 de fevereiro e só no dia 16 de abril. Mais de dois meses. Parabéns aos envolvidos.


12 de mar. de 2013

Como faz para dormir?

O "atrasado" e "retrógrado" Vaticano deu um show de imagens hoje, no início do Conclave. Missa completa, tudo em HD. Depois, ainda veio o melhor: entrada dos cardeais na Capela Sistina. Um a um, várias câmeras bem posicionadas, câmeras passeando pela sala, detalhes das mesas, das roupas, e o desfile de cardeais para fazer o juramento até o hora do "todos fora". Para quem gosta, foi de arrepiar ver a todos os cardeais num momento que considero tão solene e importante para os católicos.

Quem não é católico está autorizado a discordar do autor do blog.

Fecharam-se as portas e começou o segredo. Nenhuma câmera estilo BBB, sem som, para vermos o que está rolando. Nenhum celular para aquela foto furtiva postada no twitter ou no Facebook do cardeal "moderninho". Nada. Apenas a fumaça preta após a primeira votação.

Imagina a hora do jantar depois da primeira votação? O burburinho, as conversas, as tensões, as orações, a Torre de Babel, o latim mal compreendido.

E o mais votado do dia, que não sabemos quem é? Como é que dorme esta noite? Sabendo que esteve a ponto de ser o novo Papa e amanhã pode até mesmo não receber nenhuma voto. O que passa na cabeça deste Cardeal durante a noite? O nome que vai adotar? o pedido a Deus para ter forças? Deve ser de arrepiar esse momento.

Num mundo totalmente conectado o mistério ainda fascina mais que a exposição completa, nua e crua. No mundo das câmeras que nos cercam em todos os lugares, a ausência delas nos faz temer dormir e perder algo importante. E estou de férias e tenho voo marcado para amanhã à noite, temo ser um desses que vai perder alguma coisa importante e só vai saber do novo Papa depois, quando desembarcar em Atlanta já na quinta-feira.

Só para não passar em branco, deixo aqui meu palpite sobre o Conclave. Apesar do favoritismo de Dom Scola e Dom Odilo, tenho pra mim que Dom João Braz de Aviz está com uma carinha de Papa...Tomara que eu esteja certo.


4 de mar. de 2013

Qual é o seu nome?

Vem aí o Conclave que vai eleger o novo Papa. Além do interesse religioso que tenho pelo assunto, tem também o interesse jornalístico (que é bem diferente nesse caso). O assunto me deixa inquieto. Como manter o segredo durante dias com tanta tecnologia móvel à disposição? Já no último conclave alguns bispos saíam para fumar e alguns segredinhos das votações foram revelados. Vieram à tona apenas depois de decida a eleição a favor de Bento XVI, é verdade, mas vazou.

Mas o que mais me intriga mesmo é esse momento em que o Cardeal recebe 2/3 dos votos e é perguntado: aceita? Se ele aceita, os outros cardeais se colocam num nível abaixo. Ponto. A pergunta seguinte é: como você quer ser chamado?

Para tudo. Vamos pensar.

Se o Cardeal, em teoria, entra no Conclave para eleger outro e é eleito, preciso de um tempo para pensar no nome que vai adotar caso seja eleito papa. Quanto é esse tempo? Cinco minutos, uma hora, duas horas? Como toma esse decisão de mudar de nome para sempre? Leva em conta algum estudo prévio para escolher o nome?

Deve ser angustiante. Primeiro saber que você não vai voltar para casa a partir daquele dia em diante. Vai viver no Vaticano para sempre (alguns já vivem, como o próprio Bento XVI). E depois ter que escolher, assim, de supetão, um nome para todo sempre. Não basta ser eleito Papa, com uma baita responsabilidade, e ainda tem que escolher um pouco tempo o nome.

Quando do Conclave que elegeu o agora Papa Emérito, falava-se que Bento (Ou Benedicto) seria um dos mais cotados, por terem sido pontificados breves. Não deu outra. Ratzinger escolher Bento (aos 78 anos sabia que seu pontificado seria curto).

Mas quem poderia imaginar que Albino Luciani fosse escolher João Paulo pela primeira vez? E, na sequencia, Wojtila fosse escolher o mesmo nome na sequencia? Pois é. E o próximo? João e Paulo, separados, podem ser boas opções se o rumo for de mudar algo na direção da igreja, como o próprio Bento pediu. João XXIII e Paulo VI foram peças-chave no Concílio Vaticano II.

Em uma das muitas casas de apostas que existem por aí Gregório e Leão são os nomes cotados. Apesar de nomes pouco "modernos". João vem na sequencia. João XXIV seria. Ou Paulo, que seria VII. Tem até Elvis na aposta. Enfim, quem aposta, aposta em qualquer coisa. Vamos esperar para tirar essa dúvida.


27 de fev. de 2013

Hora de voltar


Eu voltei. Achei que isso nunca fosse acontecer, mas aconteceu. Sete anos depois de passar sete anos por aqui (o sete persegue este blog), voltei a Barcelona. Os mais chegados sabem de tudo o que passei aqui. Dos momentos maravilhosos, dos maus, dos péssimos. Mas isso tudo passou. Passou. Ainda assim, na chegada, voltam muitas coisas à memória. Muito embora o aeroporto já não seja o mesmo, a Plaza Espanya não seja a mesma e nem a Monumental seja a mesma (olé!). Ah, e o objetivo também não.

Das quatro ações descritas por Roberto Carlos na primeira frase da música, as duas primeiras não aconteceram. As duas últimas sim: as malas coloquei no chão e pensei: eu voltei. Não fiquei arrepiado, não senti vontade de chorar. Nada. Até porque a minha mala não chegou junto comigo e isso acabou por me distrair.

Foram apenas cinco dias. Vão ser, na verdade. Ainda estou aqui.

Revi amigos queridos. Outros, tão queridos, não consegui.

Revivi a experiência de encontrar todas as lojas e shoppings fechadas no domingo (como isso me dava raiva), andei de metrô na madrugada (onde as pessoas lêem menos que antes e mexem mais no celular que nunca); vi tribos de todos os tipos de roupas, sexo, cores de cabelos, idiomas (maravilhosa essa mistura maremagnun dessa cidade tribal); comi pan tumaca, bocadillos de jamón, fuet, tortilla, tomei vinho, cortado, café amb llet. Praça Catalunya, Casc Antic, fui ao Ikea, ao La Sirena, à Decathlon, à Célio, Carrefour, Bonárea.

Vi um jogo do Barcelona x Real Madrid ao lado do amigo Tony Martinez, no meio da uma penya do Real, num bar de bairro dos mais deliciosos que existem neste mundo (e que não existem quase mais no Brasil).Tomei Estrella Damm. Uma não, várias.

Tudo como nos velhos tempos.

Infelizmente a crise é real. Há mais taxistas mulheres (Para ajudar em casa. Trabalho de dia e o marido à noite, me disse uma, arrependida de não ter deixado o emprego há mais tempo para trabalhar na praça); Há muitas lojas fechadas, muitos pisos em venda, muita gente sendo despejada por não pagar a hipoteca. escândalos do governo, como sempre. Foi difícil achar um banca de jornal (depois disso da internet, ninguém compra mais jornal, me disse outra senhorinha no meio da rua). Ainda assim achei onde comprar El Jueves. As pessoas fumam muito, como sempre.


Mas não deu para chorar, porque agora tenho duas vidas mais importantes no Brasil, que amo loucamente e não posso viver sem elas. Mas essa cidade, que me recebeu com dois graus de temperatura, continua a mesma. Aqui não é mais meu lugar, mas sua história comigo, graças a Deus, não teve fim. O próximo capítulo demorou sete anos para acontecer e espero que o próximo chegue bem antes.

Visca Barcelona.


15 de fev. de 2013

O Papa americano sem censura

A ideia original não é minha, senão teria sido censurada, como foi censurado o post anterior por quem prefere viver na idade média. 



14 de fev. de 2013

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No jogo de xadrez entre peças da mesma cor, púrpura, o Rei deu seu xeque-mate. O movimento foi preciso, mas o jogo não acabou. Ainda é preciso que muitas peças se mexam nesse tabuleiro enorme em mármore de carrara do Vaticano.

Que a renúncia tenha sido anunciada em plena segunda-feira de carnaval diz muito. O Papa indicou que muitos cardeais, na ânsia pelo poder, parecem ter esquecido por instantes seu papel espiritual para se apegarem ao poder, ao conforto, ao luxo, ao prazer próprios dos tempos do carnaval, que precedem o período mais introspectivo da liturgia, que é a quaresma.

Bento XVI, que por tanto deteve tanto poder, quando chegou ao ápice se viu isolado, sozinho, traído. Acabou encurralado entre a direita e a direita (já que a esquerda ele próprio tratou de aniquilar faz tempo). E sua única saída era por cima. Deu um passo adiante e deixou nas mãos dos próprios cardeais a decisão do futuro da igreja.

Uma igreja que, nos tempos da informação rápida, veloz, de alto consumo, precisa dar respostas mais rápidas à sociedade. O Papa regrediu até onde não poderia mais.

Chegou-se a suspeitar que, nessa tentativa de voltar a um ponto anterior ao Concílio Vaticano II, ele fosse proibir o excesso de músicas, palmas e missas festivas. E embora eu não seja fã deste tipo de missa, seria um golpe quase que mortal na popularidade da entidade, que apesar disso, só faz perder fiéis.

Embora Bento XVI tenha preferido uma igreja para intelectuais (dizem que povo não gosta de coisas simples, mas do luxo, o que absolutamente discordo), o futuro da igreja passa por uma popularização imediata. Para dar respostas menos eclesiais e mais cristãs, humanas.

Não se pode conceber uma igreja de Cristo que discrimine tanto (os homossexuais), que tenha ideias tão retrógradas quanto à vida. Novos conceitos.

Um novo Papa, que vai chegar com 2/3 de apoio e uma idade que lhe permita mais, vai precisar abrir as janelas do Vaticano, sacudir a poeira dos tapetes expostos na janela, dar um novo sopro de vida ao mundo. Que o Espírito Santo ilumine os cardeais no conclave que começa no próximo dia 15 de março. Os católicos esperam algo novo.

13 de fev. de 2013

Vila e não se fala mais nisso

Tem ano que você ouve o samba enredo e diz: esse é o samba campeão. E este ano não vai ser diferente. A Vila Isabel tem o melhor samba, fez o melhor desfile e vai ganhar. Embora não seja uma certeza absoluta, como nada na vida.

As principais concorrentes tiveram problemas. Beija-Flor, Imperatriz e Unidos da Tijuca tiveram problemas de evolução, justamente o quesito de desempate. E a Mangueira, como todos sabem, atrasou. Não por culpa do carro alegórico, mas por culpa do Ivo Meireles, que acha que a bateria é tudo na vida e esquece do resto.

Na parte de baixo acho que desce a Inocentes de Belford Roxo, embora São Clemente e Grande Rio mereçam mais o castigo.

Na série A apostam pelo Império Serrano como barbada. Já ouvi rumores sobre a Caprichosos, a Estácio de Sá, que apesar do atraso esteve impecável, e a Rocinha foi, para mim, a melhor de todas. Ah, tem Império da Tijuca, Sereno de Campo Grande e Cubango. Todas com grandes desfiles.


7 de fev. de 2013

Ô raça!

O sistema de credenciamento da Riotur para jornalistas no carnaval está longe de ser perfeito. Todo ano começa bem e se torna uma grande confusão. Mas a confusão muitas vezes, a maioria diria, é culpa nossa mesmo. É muito jornalista esperto desrespeitando fila, pedindo pro amigo que chegou antes para dar um jeitinho e pegar as credenciais para ele na frente; gente que vê a fila e se acha mais importante e dá uma de joão-sem-braço e tenta pegar a sua primeiro. Depois, esse mesmo sujeito quer ter moral para denunciar irregularidades de qualquer aspecto.

"Ora, mas estou em horário de trabalho" pode alegar algum. Estamos todos, amigo. Todos estamos em horário de trabalho. A moça da "agência de fotos" que deve ser tão secreta que nem foi capaz de me dizer o nome, furou minha vez na fila e quando faltavam apenas duas pessoas na frente dela para ser atendida, elegantemente se adiantou na mesa e disse na cara-de-pau que era a vez dele. Ô raça, essa!

2 de fev. de 2013

Para acabar, o melhor.


VILA ISABEL (A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo – Água no Feijão que Chegou Mais um) – Parceria entre Martinho da Vila e Arlindo Cruz tem que render coisa boa. E o samba da Vila é o que há de melhor para 2013. Cheio de poesia, mistura o samba com a vida do campo com uma história bem contada (do nível de “Raízes”, do mesmo Martinho, de 1987), que pode render boas alegorias e uma escola leve, alegre. O problema da Vila é o mesmo dos últimos anos. Só vejo um problema: Tinga impõe ao samba um ritmo cada vez mais alucinante (nos últimos anos têm sido assim), o que pode complicar a compreensão do enredo na avenida. O ritmo é tão rápido que até atrapalha a participação de Martinho na gravação. Chega a dar certa agonia ouvindo Martinho cantar num ritmo e a escola ir muito à frente. Mas que é bom.  

1 de fev. de 2013

Tudo velho na coroa imperial


IMPERATRIZ – (Pará, o Muiraquitã do Brasil, Sobre a Nudez Forte da verdade, o Manto Diáfano da Fantasia) – Mais um enredo patrocinado este ano e que deixa dúvidas. Não na escola, que sabe bem o que precisa. Mas a dúvida se uma escola como a Imperatriz precisa fazer esse tipo de coisas. Se a gente lembrar já fez coisa muito pior, como quando homenageou Campos há alguns anos e o samba mal falava da cidade, incluía Peri, Ceci, e um monte de coisas nada a ver. Vamos ao samba. Dominguinhos do Estácio ganha a companhia de Wander Pires (era melhor ficar com um dos dois) e surpreende negativamenterepetindo o grito de 2004 na Viradouro, na reedição do Círio de Nazaré ("O Pará, é a obra prima da Amazônia). Quem tem ouvido bom pode até duvidar se não é mesma gravação, tamanha semelhança sonora entre os dois gritos. Pra já, é um susto no início do samba. A sorte da Imperatriz é esses enredos costumam render bons desfiles, mesmo com um samba que não vai deixar saudades. Essa história de índio, negro, branco, morena, dança, comida, já deu. Parece um estilo batido para samba enredo. A Imperatriz flerta com o grupo de acesso há alguns anos. Parece disposta a cair. Mas será que tentaria uma virada como fez em 88 e levou de lambuja o título de 89? Vamos ver. 

31 de jan. de 2013

GRANDE RIO – (Amo o Rio e Vou à Luta: Ouro Negro Sem Disputa...contra a Injustiça em Defesa do Rio) - Inustiça com o Rio seria considerar esse enredo algo de bom. Vamos tentar. O veto da presidente Dilma à lei de redistribuição dos royalties talvez tenha tornado o enredo da Grande Rio um pouco já ultrapassado. Mas a escola de Caxias perde e muito esse ano. Primeiro, perde para o Salgueiro o status de escola mais global do carnaval. Depois perde para a Beija-Flor da pior forma: supera a escola de Nilópolis com o enredo chapa branca. O samba é fraco, apesar de um refrão curto e bom. Estreante, Emerson Dias tem a ajuda do experiente Nego no canto (ou seria o contrário?). Mas a letra não é sofrível, cheia de clichês. Parece que a maldição da bruxinha de Floripa, do bom samba de 2011, e que, dizem, foi responsável pelo incêndio que estragou o desfile da escola ainda na cidade, continua pairando sobre a escola de Caxias. Embora digam por aí que quem causou o incêndio foi a...Mais não digo, porque estamos falando de samba e de Grande Rio. 

30 de jan. de 2013

Fidelidade à Beija-Flor


BEIJA-FLOR (Amigo Fiel, do Cavalo do Amanhecer ao Mangalarga Marchador) – Este vai ser o ano de redescobrir a Beija-Flor. Depois do êxito com Roberto Carlos e do fracasso da homenagem ao Maranhão, vamos ver que escola se apresenta e com que tipo de carnaval. Mas falar sobre uma raça de cavalo traz um samba que precisa de muitas referências para se fazer entender. E é aí que a coisa se complica. Mas ninguém pode duvidar da capacidade de Neguinho da Beija-Flor de fazer esse samba, que tem momentos bons e outros sofríveis, de acontecer na Sapucaí. E no fim da letra, há uma provocação a quem não acredita na escola. “Se a memória não me falha...Chegou a hora de gritar é campeão”. Seria um recado para alguém? Talvez para os jurados, talvez para quem, como eu, não acredita que a escola possa ir além de um quatro lugar na classificação geral. Mas pode-se esperar um grande desfile e garra de Nilópolis na avenida. 

29 de jan. de 2013

O mangueirense ainda não gostou


MANGUEIRA – (Cuiabá: Um Paraído no Centro da América) – Embora seja difícil para o mangueirense engolir um enredo patrocinado, em ano do centenário de uma de suas figuras mais emblemáticas, Jamelão, o samba de 2013 é bom. Lequinho e Junior Fionda têm história na escola com boas letras e parecem saber a fórmula de fazer um samba para dar certo na Sapucaí. O refrão dá a deixa para mais uma paradinha das que Ivo Meireles gosta de inventar no desfile (e este ano com a possível novidade de uma bateria dividida em duas partes, ainda mais). A Mangueira sabe contar histórias como essa de Cuiabá (já fez isso com 2004 com a Estrada Real), mas a verdade é que Ivo Meirelles não acerta o passo no comando da escola e parece a Mangueira dos anos pós-assassinato de Carlos Dória, quando a escola vagou pelo grupo especial com enredos como Trinca de Reis (onde, entre outros, homenageava Chico Recarey, veja só). Jamelão vai ficar relegado ao Jacarezinho no grupo de Ouro. Pelo menos a escola tem alguma tradição. A verdade é que o mangueirense ainda está desconfiado. Com o samba, com o enredo e com o carnaval.

28 de jan. de 2013

Olha a crítica


SÃO CLEMENTE – (Horário Nobre) – O título do post é uma imitação de Izaías de Paulo, cantor da escola na década de 80. É estranho que o enredo do Salgueiro (Fama) tenha causado mais polêmica que o da São Clemente, que escancara a homenagem à TV Globo. Poderiam ter aproveitado para meter na letra algo sobre Avenida Brasil, que parou o país este ano, mas que sequer é citada na letra do samba. Seria oportuno. Mas o primeiro refrão com “Viúva Porcina sambando igual mulata” é pobre e é o primeiro sinal de que é tudo intencional na letra e a criatividade passa longe. Tudo é ruim no samba. Estava tão combinado com a Globo, mas a escola acabou dando azar no sorteio e não deve nem passar ao vivo para não atrapalhar Salve Jorge. Ironia do destino. Mas para uma escola que já teve sambas maravilhosos (Capitães do Alfalto) e outros divertidos, o ano de 2013 é para esquecer. Tem que torcer para não ser pior que a Inocentes e acabar sendo rebaixada. 

27 de jan. de 2013

Nova tentativa da Portela


PORTELA – (Madureira, Onde meu Coração se deixou levar) – Sem patrocínio a escola de Madureira resolveu cantar seu bairro, suas raízes. Repete a tentativa de 2012 quando o samba sobre a Bahia funcionou bem no disco e mal na avenida. A impressão que dá é que a escola busca em sua comunidade a força para tentar voltar a conquistar um título que não vê há mais de 20 anos. Se souber traduzir na avenida sua própria história (isso se as fantasias ficarem prontas em tempo, o que na Portela é sempre duvidoso) é capaz de fazer algo diferente. Gilsinho está cada vez melhor, mas os problemas internos de estrutura é que atrapalham a Portela na hora do “vamos ver”. Pode ser mais um ano apenas para os portelenses sonharem com algo que desejam muito, mas que anda difícil de acontecer. O samba, repito, é bom como o do ano passado, que empolgou no disco e foi bem mixuruca na Sapucaí. 

26 de jan. de 2013

Homenagem ao festival de rock ou ao rock?


MOCIDADE – (Eu Vou de Mocidade com Samba e Rock in Rio – Por um Mundo Melhor) – A homenagem ao Rock In Rio merecia um samba mais bem elaborado e mais criativo. Aliás, a Mocidade anda tendo problemas nos últimos anos para emplacar um samba que volte a empolgar a Sapucaí. A música tema do festival, um clássico, não poderia ter ficado de fora da letra. Só resta esperar que o clima do festival contagie a Mocidade no desfile e que as muitas referências ao Rock sejam benéficas para o desfile. Mas corre o risco de cair mais na homenagem à música que ao festival. Tomara que Alexandre Lousada encontre um jeito de escapar (aliás, função do carnavalesco é essa mesmo). O baticumbum do Império Serrano se explica pela presença entre os compositores do jornalista Gustavo Henrique, imperiano de fé. Se explica mas não se justifica.  

25 de jan. de 2013

Onde anda você, Ilha?


UNIÃO DA ILHA – (Vinicius, no Plural. Paixão, Poesia e Carnaval) – Um dos poucos enredos não patrocinados do carnaval 2013, o que é um alento para um carnaval tão sem graça como o desse ano (saudades de quando a Liesa sugeria enredos, como foi em 88). Sempre se espera muito de um enredo em homenagem a Vinicius de Moraes. Em 2004 a Paraíso do Tuiuti e em 87 a Unidos de Lucas (ambas no grupo de Acesso) tentaram fazer fazer algo à altura do Poetinha (acho que me esqueci de alguma outra escola que já tinha feito o mesmo no grupo Especial, na época chamada de A-1, mas não me lembro agora), mas sem muito brilho. A Ilha foge um pouco do seu estilo mais irreverente nesta homenagem. Não sei se isso é bom. O samba é até bom (funcionou bem no ensaio técnico), mas força a barra em algumas citações para tentar abranger a obra de Vinicius e acaba por fazer o samba perder o impacto que poderia ter. Mas da safra ruim de 2013 até que este se salva. 

Novas profissões

Curiosos esses BusTV que existem em alguns ônibus da cidade. Resumos de novela, horóscopos, notícias em tempo real, curiosidades e até ofertas de emprego. E é aí que me detenho.

Hoje, em um pequeno e curto anúncio de oferta de emprego, conheci três novas profissões.

O texto dizia: Empresa Tal contrata: atendente (até aí tudo bem); suqueiro (hein?), lancheiro (que?) e ajudante de chapista (nooossa!).

Suqueiro é o sujeito que faz suco. Não sabia que chamava assim. Lancheiro é o que faz o lanche. Lógico, né? Não. Ele faz o lanche, mas o lanche frio. Porque quem faz o lanche quente é o chapista, logo ele precisa de um ajudante. O ajudante de chapista.

Não seria melhor ensinar o lancheiro a ser chapista? Dava para economizar duas profissões. Enfim, essa mania de economizar até no emprego. País rico é país com suqueiro, lancheiro e ajudante de chapista.

24 de jan. de 2013

Alemão no samba da campeã


UNIDOS DA TIJUCA – (Desceu num raio, é trovoada! O Deus Thor Pede Passagem para Mostrar Nessa Viagem a Alemanha Encantada) - Um samba difícil. Primeiro para encaixar as muitas referências alemãs que o enredo pede, como Marlene Dietrich (um anjo no cinema), Beethoven (e suas sinfonias, o legado alemão), e até mesmo Diesel (o inventor do motor a propulsão). Só como exemplo a Imperatriz já encaixou, inteiro, o nome de Hans Cristian Andersen numa letra e foi muito bem. 

Mais que no samba, a Tijuca aposta na capacidade do carnavalesco Paulo Barros de transformar o enredo patrocinado em algo mágico, como nos últimos anos (dois campeonatos e um vice). A verdade é que o samba campeão do ano passado (sobre Luiz Gonzaga), não empolgava muito mas acabou vencendo. Mas o samba sobre a Alemanha não é nada especial e não chega a ter um refrão empolgante e a letra por vezes é complicada. Que o deus Thor ajude a Bruno Ribas e a Tijuca a chegar longe outra vez no carnaval. 

22 de jan. de 2013

Salgueiro dá as Caras

O trocadilho do título é inevitável para o enredo Fama, da segunda escola a desfilar no domingo. O enredo do Salgueiro foi o que mais causou polêmica ao longo do ano de 2012, sendo até tema da campanha à prefeitura da cidade, quando o candidato Marcelo Freixo criticou o financiamento público a um enredo que considerou fútil. Mas a escola até brinca no samba com o fato de ser patrocinado pela revista Caras (que não é citada na letra), e no meio tem um “se vacilar, cair na rede, vão criticar...O que é que tem?”. Mas o refrão é bom, pega. Longe de ser um “Peguei um Ita no Norte” ou um “Tambor”, mas é bom. No CD quatro cantores acabam atrapalhando um pouco o andamento da letra. Aliás, que mania é essa das escolas de ter três, quatro cantores. Coisa chata, isso. Por outro lado, pode até ser que não, mas que parece que o Salgueiro tem a pretensão de roubar da Grande Rio o status de escola com mais celebridades do carnaval. Ah, isso parece.

21 de jan. de 2013

As safras e um rio que corre para Belford Roxo


A safra de sambas enredo para o carnaval 2013 do carnaval carioca talvez seja a pior dos últimos 20 anos. Pode ser que os enredos escolhidos pelas escolas do grupo especial não tenham ajudado aos compositores. Mas isso não pode ser desculpa para escolhas tão ruins. Há exceções. Martinho da Vila se uniu a Arlindo Cruz para dar à Vila Isabel um bom samba. Mas isso traz problemas e polêmicas, porque Arlindo nem de longe é da ala de compositores da Vila, o que abre um precedente complicado. Mas a arte é a arte. Mangueira e Salgueiro, apesar de enredos polêmicos, têm bons sambas e que podem funcionar na Sapucaí. Portela volta a apostar em algo diferente, mas que em 2012 não funcionou. Outros, como a da campeã Unidos da Tijuca e da Beija-Flor ficam devendo e muito, em um ano que pode desses para o mundo do samba passar uma borracha e pensar em 2014 pode ser muito melhor.
Wantuir vai cantar esse ano na Inocentes de Belford Roxo

INOCENTES DE BELFORD ROXO - (As Sete Confluências do Rio Han) – Primeira escola a desfilar no domingo. O peso da voz de Wantuir não basta à Inocentes de Belford Roxo em sua estreia no grupo especial do carnaval carioca. A homenagem à Coreia do Sul, soa ao que é: patrocínio puro e duro para uma escola sem tradição, e que fez de sua meteórica subida ao grupo de acesso ao especial algo polêmico, e que desde já torna a escolha um ponto a mais de antipatia do público. Subiu com um monte de notas 10 sem explicação convincente e com várias escolas sem nota por parte dos jurados. Mas não vem mais ao caso. Ter uma letra para um enredo tão difícil, já é uma vantagem. Mas dizer que as águas do Rio Han desembocam na Baixada é demais para uma tentativa de tirar algo mais que uma breve aparição na Sapucaí. O fenômeno Gangnam Style, Psy, virá ao carnaval da Bahia, mas em princípio não para a escola de Belford Roxo. Mas isso pode ter novo capítulo. Enfim, a Inocentes vai passar pela avenida, sem samba popular, com alguns aplausos, público frio e com passagem de volta à serie ouro em 2014. 


Chegou o carnaval no blog

E com o carnaval esse blog tenta ressuscitar. Vamos que vamos. Para voltar, com pouca classe, uma série com a análise dos sambas deste ano para o grupo especial do Rio. Vai uma por dia para não cansar. Vai na ordem dos desfiles, e um pouco mais detalhado do que já foi ao ar no Terra no início de janeiro.

Depois tem mais. Vai ter mais de cidade, muita cidade. Rio, Baixada Fluminense. O novo foco do espaço vai ser trazer bastidores da(s) cidade(s). Política, economia, negócios e tudo aquilo que não tiver força de virar matéria no Terra, mas que couber aqui em forma de nota. Vamos nos divertir, porque o carnaval já chegou no blog.