O link do Porta dos Fundos dessa segunda-feira http://youtu.be/i8jIiGu4tVM foi feito pra mim. Acabo de chegar de uma viagem de trabalho a Roma. Vim de Iberia e isso significa, no meu caso, passar 10h apenas com uma garrafinha de água de 750ml. Conto o caso.
No trecho Roma-Madri comer, nem pensar. É tudo pago. Mas são 2 horas de voo, beleza, nem precisa. Chego a Madri sem tomar café e decido comer um sanduba e um refri pra dar aquela tapeada até que chegasse ao almoço do avião. Que não é nada, não é nada, mas tem.
No meu caso, não tem.
Sentei na poltrona 21C, corredor. Avião vazio. A classe turista começa na 10. Ou seja: onze fileiras à minha frente com umas 44 poltronas e no máximo 13 pessoas. Para começar, como não tinha ninguém na janela me confundiram com um outro passageiro que tinha pedido comida kosher. O cara decidiu sentar em outro lugar e não se identifica.
- Senhor Carun é o senhor? - Perguntou esbaforida. Neguei.
Quando a mesma aeromoça volta com o jantar, duas horas depois de decolar, nem pensa em me fazer a pergunta: "pasta ou pollo?", como é habitual. Vai tirando a bandeja e jogando em cima da minha mesinha. Quando abro, para minha surpresa, suculentas berinjelas fatiadas ao queijo com molho de tomato. Hum...
Só que eu não como berinjela. Odeio berinjela. Pedi para trocar e a resposta foi pronta.
- Só tem isso. Se você não quiser eu posso te trazer uns amendoins, disse irritada.
Claro, posso trocar meu almoço por amendoins, que ótimo. Preferi não comer. Ela até ficou de ir ver se tinha alguma outra opção. Mas passou por mim com café ou té umas duas vezes e me ignorou. Quatro horas depois, decidiram servir um sanduíche. Expliquei meu caso a outro aeromoça (sem erro de gênero) e ele simpaticamente me disse.
- É um sanduíche por passageiro!
Que gentil, não. Recuso até mesmo o meio sanduíche que ele me oferecera. Passadas mais duas horas, voltam eles com mais um lanchinho. Desta vez nem quero ver o que é. Recuso de cara. Eia que volta a primeira aeromoça.
- O senhor tem certeza que não é senhor Carun? e respondo.
- A senhora acha que não sei meu sobrenome? Sou o que não come berinjela, lembra? Você ficou de me dar uma explicação e até agora nada.
E ela ficou me olhando com cara de bunda azeda.
A chefe dos comissários então decidiu vir falar comigo, saber porque não queria comer. Expliquei a ela que não queria comer porque estava me sentindo mal de dar tanto prejuízo à Iberia. Veja só: minha empresa pagou, e caro, a passagem para eu vir para Roma com vocês e ainda quero comer? Não é possível. Não quero ser responsável pela queda do faturamento da empresa. Ainda mais com a Espanha em crise. E disse também que nunca fui tal tratado em uma companhia aérea como estava sendo. Foram incapazes de encontrar uma solução para mim. Ela até tentou me pedir desculpas, mas eu disse: você como chefe deveria ter vindo aqui mais cedo e não nove horas depois do avião decolar. Não aceito suas desculpas e se puder, a Iberia nunca mais verá a cor do meu dinheiro.
Espero que tenham tido um voo agradável, disse o piloto.