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No jogo de xadrez entre peças da mesma cor, púrpura, o Rei deu seu xeque-mate. O movimento foi preciso, mas o jogo não acabou. Ainda é preciso que muitas peças se mexam nesse tabuleiro enorme em mármore de carrara do Vaticano.
Que a renúncia tenha sido anunciada em plena segunda-feira de carnaval diz muito. O Papa indicou que muitos cardeais, na ânsia pelo poder, parecem ter esquecido por instantes seu papel espiritual para se apegarem ao poder, ao conforto, ao luxo, ao prazer próprios dos tempos do carnaval, que precedem o período mais introspectivo da liturgia, que é a quaresma.
Bento XVI, que por tanto deteve tanto poder, quando chegou ao ápice se viu isolado, sozinho, traído. Acabou encurralado entre a direita e a direita (já que a esquerda ele próprio tratou de aniquilar faz tempo). E sua única saída era por cima. Deu um passo adiante e deixou nas mãos dos próprios cardeais a decisão do futuro da igreja.
Uma igreja que, nos tempos da informação rápida, veloz, de alto consumo, precisa dar respostas mais rápidas à sociedade. O Papa regrediu até onde não poderia mais.
Chegou-se a suspeitar que, nessa tentativa de voltar a um ponto anterior ao Concílio Vaticano II, ele fosse proibir o excesso de músicas, palmas e missas festivas. E embora eu não seja fã deste tipo de missa, seria um golpe quase que mortal na popularidade da entidade, que apesar disso, só faz perder fiéis.
Embora Bento XVI tenha preferido uma igreja para intelectuais (dizem que povo não gosta de coisas simples, mas do luxo, o que absolutamente discordo), o futuro da igreja passa por uma popularização imediata. Para dar respostas menos eclesiais e mais cristãs, humanas.
Não se pode conceber uma igreja de Cristo que discrimine tanto (os homossexuais), que tenha ideias tão retrógradas quanto à vida. Novos conceitos.
Um novo Papa, que vai chegar com 2/3 de apoio e uma idade que lhe permita mais, vai precisar abrir as janelas do Vaticano, sacudir a poeira dos tapetes expostos na janela, dar um novo sopro de vida ao mundo. Que o Espírito Santo ilumine os cardeais no conclave que começa no próximo dia 15 de março. Os católicos esperam algo novo.
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