Ex-prefeito de Campos, e morto recentemente, Zezé Barbosa, raposa que comandou a cidade por muitos anos até perder a sucessão para outra raposa, dizia que quando se perde uma eleição até o cafezinho passa a vir frio. Dizia isso, para exemplificar a solidão que a perda do poder impõe ao político em fim de carreira. Zezé sabia que não tinha o que fazer. Tanto que se isolou depois da derrota, e nunca mais foi visto dando sequer um pitaco na política local, que sofreu e muito depois de sua saída.
Digo isso para refletir sobre mais uma internação do ex-presidente Lula. Muito mais que o câncer, o que afeta Lula é muito mais o isolamento da falta do poder. E isso rapidamente se transforma em depressão. As visitas dos amigos continuam, podem até ser frequentes, midiáticas. Dá conselhos, mas quase sempre não são levados mais em conta. A solidão do pós-poder é ainda mais cruel.
Lula tinha cacife para seguir no poder por mais tempo. Talvez em algum cargo internacional. Ou como conselheiro direto da presidente Dilma. Mas, nada. Vai ser difícil até que consiga participar da campanha à prefeitura de São Paulo (sem dúvida a que vai ser mais animada este ano), muito menos pensar em voltar em 2014.
Tomara que Lula se recupere. Apesar de não estar de acordo com mais da metade de suas opiniões, atitudes e omissões com corruptos, o ex-presidente dá um molho especial na política nacional. Aliás, não estou de acordo com 99% dos políticos; é da profissão desconfiar sempre de quem governa e de quem está na oposição também.
Curioso é que depois da saída dele da cena política ativa, os sindicatos começam a se rebelar e pipocam os movimentos grevistas pelo país. Até nos sindicatos a influência de Lula está em horas baixas. O café do presidente anda chegando requentado.
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