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27 de fev. de 2013

Hora de voltar


Eu voltei. Achei que isso nunca fosse acontecer, mas aconteceu. Sete anos depois de passar sete anos por aqui (o sete persegue este blog), voltei a Barcelona. Os mais chegados sabem de tudo o que passei aqui. Dos momentos maravilhosos, dos maus, dos péssimos. Mas isso tudo passou. Passou. Ainda assim, na chegada, voltam muitas coisas à memória. Muito embora o aeroporto já não seja o mesmo, a Plaza Espanya não seja a mesma e nem a Monumental seja a mesma (olé!). Ah, e o objetivo também não.

Das quatro ações descritas por Roberto Carlos na primeira frase da música, as duas primeiras não aconteceram. As duas últimas sim: as malas coloquei no chão e pensei: eu voltei. Não fiquei arrepiado, não senti vontade de chorar. Nada. Até porque a minha mala não chegou junto comigo e isso acabou por me distrair.

Foram apenas cinco dias. Vão ser, na verdade. Ainda estou aqui.

Revi amigos queridos. Outros, tão queridos, não consegui.

Revivi a experiência de encontrar todas as lojas e shoppings fechadas no domingo (como isso me dava raiva), andei de metrô na madrugada (onde as pessoas lêem menos que antes e mexem mais no celular que nunca); vi tribos de todos os tipos de roupas, sexo, cores de cabelos, idiomas (maravilhosa essa mistura maremagnun dessa cidade tribal); comi pan tumaca, bocadillos de jamón, fuet, tortilla, tomei vinho, cortado, café amb llet. Praça Catalunya, Casc Antic, fui ao Ikea, ao La Sirena, à Decathlon, à Célio, Carrefour, Bonárea.

Vi um jogo do Barcelona x Real Madrid ao lado do amigo Tony Martinez, no meio da uma penya do Real, num bar de bairro dos mais deliciosos que existem neste mundo (e que não existem quase mais no Brasil).Tomei Estrella Damm. Uma não, várias.

Tudo como nos velhos tempos.

Infelizmente a crise é real. Há mais taxistas mulheres (Para ajudar em casa. Trabalho de dia e o marido à noite, me disse uma, arrependida de não ter deixado o emprego há mais tempo para trabalhar na praça); Há muitas lojas fechadas, muitos pisos em venda, muita gente sendo despejada por não pagar a hipoteca. escândalos do governo, como sempre. Foi difícil achar um banca de jornal (depois disso da internet, ninguém compra mais jornal, me disse outra senhorinha no meio da rua). Ainda assim achei onde comprar El Jueves. As pessoas fumam muito, como sempre.


Mas não deu para chorar, porque agora tenho duas vidas mais importantes no Brasil, que amo loucamente e não posso viver sem elas. Mas essa cidade, que me recebeu com dois graus de temperatura, continua a mesma. Aqui não é mais meu lugar, mas sua história comigo, graças a Deus, não teve fim. O próximo capítulo demorou sete anos para acontecer e espero que o próximo chegue bem antes.

Visca Barcelona.


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